As Polícias Civil e Militar do Amazonas cumprem na manhã desta terça-feira 35 mandados de prisão temporária contra uma organização criminosa acusada de extrair ilegalmente 9 mil árvores centenárias em regiões de mata nativa.
A operação ocorre enquanto o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, é pressionado após a revelação de sua frase durante reunião ministerial, quando sugeriu que o governo “passasse a boiada”, referência à publicação de normas ambientais, enquanto a imprensa estivesse distraída com a pandemia do coronavírus.
A operação, batizada de “Flora Amazônica”, está sendo realizada nas cidades de Manaus e Manacapuru, nas proximidades da capital amazonense. As investigações foram feitas pelo Departamento de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil e ocorre há quatro meses. O Ibama e a Delegacia do Meio Ambiente também participam da operação.
De acordo com a Polícia Civil, em dez meses, os acusados teriam extraído algo em torno de 9 mil árvores centenárias, como Castanheira, Cupiuba, Seringueira, Angelim, Sumaúma, Cedro e Muriatingas, extraídas e comercializadas em Manaus e Manacapuru.
A organização criminosa, segundo as investigações, era formada por empresários do ramo de móveis, serralheiros, extratores ilegais, motoristas e agentes públicos, que recebiam propina para liberar as cargas ilegais. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, o esquema envolveria 12 serralherias, que misturavam a madeira ilegal com peças devidamente regularizadas para burlar a fiscalização. A liderança do esquema era exercida por um núcleo de empresários que fomentava a prática dos crimes e planejava represálias a delegados.
Durante a investigação, policiais usaram interceptações telefônicas e também chegaram a acompanhar a apreensão de madeiras transportadas pelos acusados.