Entre as áreas que mais ficaram em evidência na pandemia da covid-19, a ciência reina absoluta. Para muitos de nós, no entanto, o impacto dos estudos científicos no cotidiano só está sendo percebido agora, com a corrida pelo desenvolvimento da vacina.
Cientistas do mundo inteiro começaram a ser ouvidos sobre trabalhos realizados ao longo de anos, para explicar o que estamos vivendo e indicar caminhos de respostas.
Em São José dos Campos, muitas pesquisas também são desenvolvidas em diversas áreas do conhecimento. No INPE, o pesquisador Luciano Pezzi, doutor em Oceanografia Física, coordena o Laboratório de Estudos do Oceano e da Atmosfera (LOA), que gera conhecimento sobre fenômenos locais e regionais que impactam o clima no território brasileiro.
Há 15 anos, Luciano Pezzi estuda as interações entre o oceano e a atmosfera no Atlântico Sudoeste, “nosso quintal”, como ele gosta de chamar, e também na Antártica.
Ele e sua equipe embarcam em navios da marinha e fazem cruzeiros oceanográficos, para obter dados tanto do oceano quanto da atmosfera enquanto navegam em direção ao continente gelado. Além disto, eles instalam boias meteoceanográficas no Oceano Austral (Antártica) que coletam dados e automaticamente transmitem “em tempo quase real” estas informações para o seu escritório baseado no INPE em São José dos Campos.
Os objetivos perseguidos por estes esforços são; realizar estudos climáticos, ou seja, tentar entender melhor como o oceano “conversa” com atmosfera e vice-versa, e também contribuir no futuro para a melhoria nas previsões do tempo e do clima.
Durante este ano atípico, em que o distanciamento social foi a tônica do trabalho, o LOA conseguiu lançar 5 boias de deriva no Estreito de Drake, com o apoio da Marinha do Brasil.
Esta é uma das regiões mais inóspitas aos navegantes, considerando o globo todo. Estas informações irão colaborar com a comunidade científica a entender melhor o comportamento de Corrente Circumpolar Antártica, que como o nome diz, circunda o continente gelado antártico. O conhecimento adquirido através destes dados poderá ser utilizado em missões futuras de resgate em locais inóspitos do Oceano Austral, por exemplo em acidentes com embarcações ou aeronaves.
Neste vídeo, Luciano explica de forma objetiva um pouco dos estudos que o seu laboratório, o LOA, desenvolve na área de interação oceano-atmosfera, neste caso falando a bordo do Navio Polar Almirante Maximiano quando estava na Antártica em novembro de 2019.
Estes estudos mostram o quanto os pesquisadores se empenham em buscar conhecimento, entendimento e gerar dados que possam apontar caminhos para soluções importantes em questões críticas que fazem parte e afetam o nosso cotidiano, bem como a vida na Terra.
Engana-se quem pensa que a Antártica, tão distante geograficamente, não está presente em nossas vidas aqui no continente sul-americano. Sinal claro desta presença são aquelas friagens que ocorrem durante o inverno, quando as temperaturas do País inteiro são derrubadas, do Chuí ao Oiapoque. Mas isto pode ser um assunto para outra matéria.
Para conhecer mais sobre o tema, acesse também o site recém-lançado pelo Laboratório de Estudos do Oceano e da Atmosfera (LOA) : https://loa-inpe.github.io
Letícia Maciel é jornalista pós-graduada em marketing digital. E-mails para a coluna: colunaleticiamaciel@gmail.com. Instagram: leticiamaciel08