Uma empresa com anos de história tem seus processos bem consolidados e, neste cenário, falar em mudanças costuma ser delicado. Mas os irmãos Rafael e Carlos Daoud, herdeiros da empresa de segurança eletrônica Alarm Wolx, compraram a ideia de reinventar o negócio para mantê-lo competitivo.

Existem dados de mercado segundo os quais a grande maioria (87%) das empresas tradicionais têm dificuldades de inovar. Antes mesmo de chegar ao uso de inteligência artificial, a transformação digital de uma empresa familiar passa pela revisão da cultura organizacional, a descentralização de poder e, principalmente, a adoção de uma mentalidade ágil em todas as áreas do negócio, com foco no cliente.
Estar sempre em dia com os avanços da tecnologia para uma empresa deste ramo é fator essencial. Portanto, é importante estar atento a tudo e disposto a agir rapidamente.
“Em 2013, um parceiro me ligou perguntando se tínhamos o serviço de portaria remota. E foi assim que ouvi falar, pela primeira vez, este termo. Saímos correndo em busca da novidade e adotamos a tecnologia porque realmente era algo inovador”, conta o diretor comercial Rafael.
“Deu um frio na barriga, mas não tínhamos outra saída senão correr contra o tempo”, completa o irmão Carlos.
No final da década de 90, eles começaram a digitalizar todos os documentos da empresa e a eliminar a papelada, mesmo sem ter – naquela época – os recursos de hoje. “Começamos por aí, mas a transição mesmo acelerou agora na pandemia, digitalizamos tudo e começamos a nos adaptar ao home office nos departamentos comercial e administrativo”, diz Rafael. “Nós já falávamos em fazer homeoffice havia dois anos e vamos continuar com este formato no pós pandemia”, acrescenta
Mentalidade ágil com foco no cliente
Para os dois irmãos, outra mudança importante para empresas familiares que querem se transformar é ter o cliente sempre no foco, de modo que ele seja sempre parte do processo de mudança. “O objetivo que temos sempre em mente agora é oferecer as soluções que os clientes precisam. Os tempos mudaram, os problemas são outros e inovar significa oferecer novas soluções”, afirma Rafael Daoud.
Exemplo disso é a plataforma que estão lançando para os clientes de portaria remota para melhorar a comunicação e a interação dos moradores no condomínio. Hoje, as pessoas passam mais tempo no prédio, as regras precisam ser respeitadas com mais rigor, o número de entregas de correio também aumentou e assim por diante.
Com um aplicativo, os moradores vão poder trocar mensagens internas, reservar o uso da piscina, gerar uma chave virtual para visitantes e cadastrar ocorrências. “Isso não é algo totalmente novo, mas antes da pandemia encontrávamos muita resistência na adesão da tecnologia. Agora, os condôminos estão se acostumando e já querem o aplicativo”, explica o empreendedor.
Transformação digital não se resume à digitalização de documentos, a estar presente na internet, à mudança nos processos internos da organização, mas também à aceitação de uma nova mentalidade: disposição e coragem para inovar, errar e corrigir, flexibilidade para gerir pessoas, entre outras caractertísticas que servirão de base para a adoção de tecnologias ainda mais complexas no futuro.
Letícia Maciel é jornalista pós-graduada em marketing digital. Escreve nesta coluna aos domingos. Linkedin: https://www.linkedin.com/in/leticia-maciel/