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Tom Freitas: como dar asas virtuais à cultura sitiada pela pandemia

O presidente da Fundação Cultural Cassiano Ricardo (FCCR), de São José dos Campos, Tom Freitas, conta como a programação foi adaptada em tempos de pandemia. Fala também de política cultural pública e do necessário equilíbrio entre formação, difusão e fomento

José Guilherme R. Ferreira • Publicado em 24/07/2021, às 12:20 • Atualizado em 26/07/21, às 8:03

Música para a Cura: artistas no ambiente da vacinação. Fotos desta entrevista: Arquivo da FCCR

Washington Freitas, o Tom, presidente da Fundação Cultural Cassiano Ricardo (FCCR), não vê a hora de a programação cultural voltar às ruas, aos palcos, aos ateliês, aos museus, às casas de cultura. “A arte pede o contato humano”, disse, poucas horas depois de acompanhar os ensaios da Cia Jovem de Dança no Teatro Municipal, na segunda-feira. Emoção no ar, brilho nos olhos: a volta dos dançarinos ao palco, mesmo ainda sem plateia, será um dos presentes para a população no aniversário de São José dos Campos. É um bom sinal. A ideia é a de que a retomada possa acontecer pra valer a partir do segundo semestre, tudo com “muito cuidado”.

Tom Freitas: é necessário pensar na programação e nos artistas

Desde o início da pandemia, toda a extensa programação da FCCR teve a chave mudada para o “modo” virtual – um desafio iniciado em 2020. Primeiro foram os cursos online, depois as lives com artistas. Agora, por exemplo, um dos desafios é preparar a versão compacta do Festivale, o tradicional festival nacional de teatro, agora somente com grupos locais (repito o “agora” que sinaliza a circunstância pandêmica), agora em outro tipo de palco E abram-se… as telas dos smartphones, dos computadores.

Todos os funcionários da Fundação, de arte-educadores a gestores, tiveram que se reinventar em tempos de pandemia. Mas é bom não esquecer de uma facilitação: profissionais experientes e engajados, entre eles o próprio Tom que, antes de integrar os quadros da FCCR, durante dez anos atuou e liderou equipes em projetos da Secretaria da Cultura de São Paulo, através da Poiesis, o Instituto de Apoio à Cultura, à Língua e à Literatura. Tinha tudo para dar certo.

Os artistas, que participam da apoteose do processo de produção, também precisaram se adequar, descobrindo novas linguagens, explorando as novas plataformas, numa relação que certamente veio para ficar. Segundo Tom, a adaptação da programação tem cumprido duas funções igualmente importantes: de um lado, leva a arte necessária à casa das pessoas, no enfrentamento de isolamentos e solidões. De outro, garante a sobrevivência dos artistas. Não é pouco.

Nesta entrevista via Skype, antes de uma reunião do secretariado municipal, Tom Freitas revela que há planos de mais um espaço para as artes na área central da cidade. Fala também de política cultural. Defende as licitações e a sistemática de avaliação dos projetos (nem sempre compreendidas pelo público externo), trata da relação com os artistas da cidade (às vezes tensas, mas sempre produtivas; diz querer ampliar o diálogo) e defende as parcerias, com governos e organizações, indispensáveis para manter a máquina funcionando.

Como tem sido enfrentar a pandemia, tendo em vista a programação tão diversificada da Fundação Cultural, em tantos espaços, com muita gente?

O setor cultural, artístico, da economia criativa, foi um dos primeiros a serem impactados pela pandemia. Logo vimos que precisávamos adaptar a programação. Não podíamos deixar o setor parar. Com a população confinada em casa, era necessário manter as atividades de outra maneira. Antevíamos que a pandemia também impactaria a condição psicológica dessas pessoas e a arte poderia ser um mecanismo para aliviar a situação, a arte poderia ajudar as pessoas no enfrentamento da pandemia, diante dessa nova realidade de ficar em casa para se cuidar, se proteger. Ainda em 2020, o então presidente da Fundação, Aldo Zonzini, lançou um desafio: adaptar a programação. E o que fizemos foi transformá-la para um modo virtual.

Qual foi a estratégia? Por onde começaram?

Iniciamos com as atividades formativas, que são os cursos, as oficinas de arte. Temos um grande número de oficinas, realizadas anualmente, das mais variadas linguagens: teatro, dança, música e artes visuais. Adequamos essas atividades para o modo virtual. Foi um grande desafio, tanto para os arte-educadores quanto para nós, gestores. Qual a plataforma usar? Nós ainda estávamos conhecendo o Zoom, não era ainda uma realidade como agora. Fizemos algumas experiências com o Google Meet, mas o Zoom foi a plataforma que deu mais certo. Havia outra questão: algumas atividades eram mais simples de transpor, mas há linguagens complexas para a nova plataforma… E o profissional que estava ali, todo mês, desenvolvendo seu trabalho, de repente se vê sem nenhuma forma de remuneração. É aterrorizante! Nós conversamos muito com esses profissionais. Alguns se adequaram, outros, não. Mas não podíamos deixá-los de lado. Então estamos elaborando uma possível proposta para a retomada gradual das atividades formativas.

Qual um exemplo de sucesso dessa adaptação?

O depoimento mais marcante, para mim, veio de uma área que a gente entendia ser complexa, que é a de música. Um mestre de acordeão [Kardec Gonzaga], que dá aulas no programa de oficinas, não tinha internet em casa. Veio dar aula daqui e aprendeu como as ferramentas funcionavam. Para ele foi uma experiência fantástica; para os alunos também. Uma senhora de oitenta e tantos anos falava: “Eu tinha vergonha de ir até a Casa de Cultura, com minha idade, aprender acordeão!” Pois ela pôde aprender em casa, no confinamento. Os netos ajudaram a senhora a entender a ferramenta, embora a Fundação tenha também condições de oferecer nesses casos um mediador, um facilitador.

Kardec: aulas remotas de acordeão, sem perder o ritmo

Esse depoimento, de certa maneira, indica que o público pode ter sido ampliado ou modificado com a programação remota…

Está certíssimo. Ampliamos o público, que passou a acessar as nossas atividades de maneira mais fácil, de casa. Mas sabemos que existe a necessidade do presencial. Por isso já pensamos na retomada de algumas atividades, com muito cuidado, no segundo semestre. A retomada seria gradual. A arte pede isso. Pede o contato humano.

Mas as ofertas virtuais não podem mais ser esquecidas, não é? Entraram de tal maneira na rotina das pessoas, que sempre vai haver demanda para essa modalidade de produto cultural.

A pandemia, na verdade, só acelerou um processo que já estava acontecendo. Veio para ficar. Todos tivemos que, de alguma maneira, lidar com essa nova linguagem. Ela facilita em alguns aspectos. Mas volto a ressaltar a importância do calor humano.

Conversamos sobre a adaptação das atividades formativas… E as demais?

Na sequência das questões formativas, tratamos também de passar para o virtual as atividades dos núcleos de aperfeiçoamento: o Coro Jovem, a Cia. de Dança, o núcleo de circo. Esses são compostos por jovens artistas, bolsistas, que pesquisam sua área de atuação. Depois, colocamos luz nas atividades de difusão, os shows, teatro nas praças públicas, toda nossa programação. Começamos a desenvolver lives com apresentação desses artistas. Quando a pandemia se agravou, passamos a exibir vídeos, compramos direitos de exibição dessas obras, reproduzidas tanto no canal da Fundação Cultural no Youtube, como por meio da plataforma Zoom. Nos reinventamos, continuamos com a programação no que era possível.

Essas adaptações tiveram que contar com outro tipo de profissional ou foi mesmo na raça?

Foi tudo na raça. Do arte-educador ao gestor. É claro que no processo a gente foi adquirindo uma expertise, foi aprendendo. E nossa equipe passou a procurar conhecimento. Os professores de arte também foram atrás de metodologias para desenvolvimento de suas atividades, os artistas passaram a criar obras dentro da pandemia, com uma nova estética, com uma outra linguagem, contemporânea. O Coro Jovem, por exemplo, [regido e dirigido por Sérgio Werneck] vai apresentar agora, no aniversário da cidade, uma obra criada na pandemia, cada um de sua casa. É uma obra original; não se trata de uma mera gravação de um coro. A Cia de Dança também preparou uma apresentação nova. Vai ser em uma live, no Teatro Municipal. O diretor artístico da companhia [Marco Sanches] estava emocionado quando o encontrei em um ensaio. Afinal, vai para um ano que não se via ninguém ali no palco.

O Coro Jovem, em apresentação antes da pandemia. Agora, mergulhando na linguagem das plataformas digitais

Estava pensando aqui naqueles registros históricos de grandes eventos, que pulam os anos da guerra. Estamos vendo isso aqui, agora. Guardadas as proporções, o Festidança, tão tradicional, não aconteceu no ano passado, por causa da guerra ao vírus!

Projetos de mais de 30 anos foram interrompidos ou adaptados. Este ano vamos adaptar o Festivale, o Festidança, o Mês da Música e a Semana Cassiano Ricardo. Claro que serão versões menores. O Festivale vai ser uma experiência de vídeo-teatro, de teatro-vídeo, com obras criadas já na pandemia, uma dramaturgia  toda voltada para esse universo virtual. Luz sobre essas obras, mas também sobre aquelas de artistas que não conseguiram se adaptar a esse universo. O teatro de rua, por exemplo, é muito complexo. Se já é difícil colocá-lo no palco italiano, dentro do teatro, imagine em um vídeo. É um desafio. Nessa edição compacta do Festivale, a ideia é valorizar grupos locais. O festival, que tradicionalmente tem caráter nacional, com participação até de grupos de fora, desta vez vai concentrar os recursos e os cachês em 20 grupos locais, com parcerias com Sesc, Secretaria Estadual da Cultura. Vamos ver se será possível trazer alguns espetáculos na forma de vídeo. Como gestor público, temos que entender que esse não é o momento de grandes produções, de grandes obras. É importante agora atingir um grande número de pessoas que foram afetadas pela pandemia. Com esse modelo ajudamos também gente que precisa trabalhar. Há muito artista passando por dificuldades, músicos vendendo seus instrumentos…

Uma questão de política cultural. A FCCR tem conseguido equilibrar a dinâmica de eventos, as ações de formação e as indispensáveis medidas de fomento? Ou os eventos ainda estão à frente? 

Eu acredito que está equilibrado. Desde quando eu era diretor, ainda na época do Aldo Zonzini, a gente tem muita preocupação com esse equilíbrio. E o meu desafio na presidência é melhorar, avançar. Nossa programação de execução orçamentária tem sempre em vista esse aspecto.

Em relação ao fomento, temos o Fundo Municipal de Cultura (FMC). Um fomento direto: o artista escreve o seu projeto, o projeto passa obviamente por uma banca de avaliadores – internos e externos – e, no final, temos o projeto habilitado para receber os recursos. O FMC é regido por uma lei à parte da Fundação Cultural. A Prefeitura faz um repasse específico para o FMC: R$ 1,5 milhão anuais.

O outro mecanismo de incentivo, esse indireto, é a LIF – Lei de Incentivos Fiscais. Estamos agora justamente na análise dos projetos que foram inscritos. Nessa modalidade, o artista se inscreve e, quando aprovado, passa a buscar empresas interessadas em investir no seu trabalho. Há uma contrapartida em dinheiro e renúncia fiscal, com abatimento do IPTU, do ISS. A LIF trabalha com R$ 2,3 milhões em recursos.

O que tem acontecido nos últimos anos é que muitos habilitados na LIF não têm conseguido captar os recursos. A Fundação pretende então  fazer um trabalho com os proponentes também na etapa de captação. Para aqueles que têm dificuldade, realizaremos atividades formativas, workshops, no intuito de mostrar como deve ser uma proposta de captação, como fazer um power point para apresentar ao empresário…

O artista geralmente não é muito bom nisso…

Pois é… Por isso a importância da presença de um produtor, um gestor. É claro que o artista tem que ter o seu tempo para criar, e a preocupação principal é outra, mas em tempos difíceis ele tem que se reinventar também.

A ideia é buscar as empresas que têm o recurso para investir e explicar como funciona o mecanismo da LIF. Vamos fazer essa ligação entre o artista que tem o projeto e a empresa interessada em investir em cultura.

Como anda a relação da Fundação Cultural com os artistas da cidade. Conversando com alguns deles, vejo que há um desejo de maior participação nas escolhas feitas pela instituição. 

A relação da Fundação com os artistas, de maneira geral, é positiva. Eles entendem a importância de uma fundação cultural dentro da cidade. Reconheço que algumas vezes há tensão na discussão das políticas públicas para a cultura, em um processo que vem de outras gestões. Mas é justamente dessas tensões que a gente evolui, cresce, se atualiza, se profissionaliza. Temos procurado ampliar esse diálogo com a classe artística.

Um exemplo é nossa conversa com os músicos da cidade. Fizemos uma série de reuniões com eles para pensar em atividades, para além do Programa Circulação já existente. Como encontrar soluções nesse momento de pandemia? Dessas conversas, nasceu o Música para a Cura, projeto de música instrumental (cordas, teclado, percussão). Recebendo cachês, cerca de 150 músicos puderam se apresentar nas quatro Casas do Idoso, no ambiente da vacinação. Foi um duplo presente: a vacinação e a música. Não podemos pensar só no artista. Como se trata de um recurso público, temos que gerar algo para a população. Esse é um exemplo de projeto construído em conjunto.

Recebi recentemente um ofício de um grupo de mulheres que desenvolvem um trabalho voltado à questão da igualdade social no campo da cultura. E elas colocam que é importante ter 50% de mulheres nas curadorias dos festivais, na pré-produção…Eu fiquei muito feliz quando recebi esse ofício porque descobri que é possível caminhar de maneira propositiva, não é a crítica pela crítica.

Como se escolhe uma programação, tendo em vista a grande heterogeneidade de público?

É bem complexo pensar numa programação cultural, embora a Fundação já esteja muito bem estruturada do ponto de vista do que é formativo, do que é difusão e do que é fomento. Dentro do que chamamos de Ações Culturais Descentralizadas (ACD) temos Arte nos Bairros, Oficinas Culturais e projetos em Casas de Cultura. E o coordenador de cada Casa de Cultura dialoga com sua comunidade, porque cada uma delas tem a sua realidade, tem um público. As atividades na Zona Norte são diferentes das realizadas na Zona Sul ou na Zona Leste. No Novo Horizonte, por exemplo, há uma população originária de vários Estados, diferentemente da Zona Norte, onde há muitos mineiros. Há também de se considerar a faixa etária do público. No Novo Horizonte, o coordenador da Casa de Cultura, o Cido [Silva], montou um palco para entrevistar artistas do bairro, violeiros… Para a Zona Sul, núcleo forte de circo. Você leva circo para lá e aquilo lota!

Existem pesquisas sobre o interesse dessas pessoas? Você deve concordar que as comunidades precisam também ser expostas à arte que não é do seu repertório…

Isso a gente busca por meio das curadorias, principalmente dentro dos festivais e de alguns outros projetos. Convidamos curadores externos, artistas de fora. Esse é o momento no qual a Fundação traz a diversidade de olhar, tanto a que dialoga com o que o público já está acostumado a ver/ouvir quanto a que traz outro tipo de linguagem à qual não se está habituado. E o contemporâneo é justamente isso, não existe mais essa separação entre erudito e popular. Hoje há uma hibridez de linguagens, sendo que há trabalhos que conseguem dialogar com todas elas.

Vamos falar dos editais públicos…

Os editais públicos trabalham do ponto de vista da classificação. E há uma grande dificuldade de entendimento desse processo, por quem olha de fora.

Quem escolhe, afinal, para não cair naquela história do “amigo do amigo”?

Quem escolhe, não! A pergunta é: quem avalia? Para a avaliação, há um núcleo de técnicos externos – artistas, gestores formados e especializados na questão cultural. Até para não ter interferência do tipo “amigo do amigo”. São em sua maioria técnicos avaliadores externos, eles mesmos escolhidos por meio de editais. Técnicos com experiência, do Brasil inteiro, se apresentam em suas respectivas áreas. Os técnicos da Fundação cuidam mais da parte documental.

Depois que os projetos são avaliados, os proponentes precisam apresentar um portfólio que se encaixe com a proposta. É a profissionalização da área. E sei que às vezes há dificuldades: “Ah!, mas eu não tenho portfólio.” E a gente vem melhorando mecanismos para ajudar essa gente. O músico que toca em bar, por exemplo, não precisa ter reportagem publicada no jornal, ter estado na TV. “Tem uma declaração do dono do bar, de que você tocou lá? Ok.” Como há sempre dificuldades como essa, sempre que lançamos um edital, abrimos um plantão de dúvidas, onde o artista pode falar diretamente com um especialista. Dar os caminhos tem dado muito certo.

Nos anos anteriores, a Fundação recebia para o Programa  Circulação cerca de 150 propostas de artistas. Hoje estamos avaliando 327 projetos. Muitos desses músicos diziam: “Não adianta, a Fundação é só para música autoral”. Não!, temos esses artistas, mas nesse mecanismo está incluído o músico de barzinho. “Mas a Fundação só quer saber de MPB e Jazz!” Não!, há também o sertanejo, e estamos ampliando essas áreas, já que São José tem essa diversidade tanto de artistas quanto de público. Veja que temos o programa Domingo no Parque, uma programação artística ao ar livre, voltada para a família, para as crianças, com obra específica para isso, e temos o blues no Teatro Municipal, ou as apresentações de teatro no CET (Centro de Estudos Teatrais), um espaço alternativo, com linguagens mais complexas e contemporâneas.

Em conversa com artistas – veja que fiz a lição de casa – escutei o seguinte: os equipamentos da Fundação estão OK, mas falta gente…

Falta gente! É uma realidade que a Fundação enfrenta há muito tempo. Mas a equipe é muito dedicada e muito profissional. A Fundação é gigante. Temos usado o mecanismo das parcerias com organizações sociais, com bons resultados. É uma forma de tirar um pouco a execução do poder público. O poder público dá as diretrizes e fiscaliza a execução.

[São 8 Casas de Cultura, mais o Centro Cultural Clemente Gomes, 3 museus, o Ateliê de Artes Visuais Johann Gütlich, o Arquivo Público Municipal, o Centro Cultural Clemente Gomes, 2 teatros (mais o espaço do Centro de Estudos Teatrais), dois Núcleos de Ação Cultural Descentralizada (um em São Francisco Xavier, outro no Centro da Juventude), a Igreja São Benedito.]

A parceria com o Parque Vicentina Aranha é bom exemplo de parceria?

Sim, o parque é exemplo de uma boa gestão. Outro exemplo: o Museu do Folclore, que é um museu público, gerido por uma OS, o Centro de Estudos de Cultura Popular (CECP). Eles participaram de um processo de seleção. Você diz o que se quer de política pública para o museu e a organização mostra seu plano de trabalho para atendê-la. Hoje o Museu do Folclore trabalha tanto seu acervo, mas também tem a área educativa, de exposições, edita cadernos de folclore, de pesquisas de campo. É fantástico

[Para o aniversário da cidade, o Museu do Folclore está lançando o livro ‘Do Cemitério ao Altar’ – Um estudo sobre a devoção e o processo canônico do Padre Rodolfo Komórek’, de autoria do joseense Hugo Ricardo Soares, historiador, mestre e doutor em Antropologia Social, 27º volume da Coleção Cadernos de Folclore.]

A boa relação com o governo do Estado tem resultado em boas parcerias, não é?

Como gestor municipal, sei que é importante dialogar com as outras esferas, tanto com o Estado como com o governo federal. Existem programas que os municípios podem acessar. Como forma de trazer mais recursos para a instituição, estamos pensando num plano anual, via Lei Rouanet. Queremos trazer empresas para apoiarem projetos da Fundação. Embora a instituição seja pública, há dispositivos que permitem a busca de recursos privados. Esse é um desafio pela frente.

O governo do Estado é um parceiro de anos. Há uma série de programas que encaminham artistas e projetos para o interior do Estado. Lembrando que a Virada Cultural de 2019 foi linda, um marco cultural da cidade.

Tom no palco: é preciso cultivar as parcerias com organizações sociais e todas as esferas de governo

Sem desprezar o Museu Municipal, que tem conseguido dar vida a um prédio do patrimônio, quando a cidade vai ter a sua Pinacoteca?

É um sonho bom! Nós temos um canal com o governo do Estado, com a própria Pinacoteca. Eles têm uma reserva técnica gigante que pode itinerar. E nós também temos um acervo grande em São José. É um sonho bom, mas precisa ter prédio, precisa ter recurso público e privado, precisa de planejamento.

Queria lembrar que há um desejo da Prefeitura – e está indicado   até no plano de governo do prefeito Felício Ramuth – de transformar a Delegacia de Polícia, na região central, em equipamento cultural. É um desafio ter uma programação na área central da cidade, integrando esse novo prédio. Já temos a Igreja São Benedito, o Teatro Municipal, o Teatro Benedito Alves, o Museu Municipal, o Museu de Arte Sacra, o Mercado…

Quando a pandemia acabar, estamos preparando uma programação muito forte para o centro da cidade, uma espécie de Virada Cultural, com as características de uma virada, mas só que sem virar, um dia inteiro de atividades.



José Guilherme

José Guilherme Ferreira

Escritor, jornalista e editor, José Guilherme Rodrigues Ferreira é formado pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Foi editor-chefe do Diário do Comércio e participou de equipes nas redações da TV Globo, Agência Estado, Agência Folha, Jornal da Tarde e Globo Rural. É autor de Vinhos no Mar Azul, agraciado em 2009 com o Gourmand World Cookbook Awards, e de O Almofariz de Deméter.



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